Conceito
Conceito
Portugal é um país com uma grande diversidade de unidades de paisagem. Contudo, tal como a biodiversidade, esta diversidade paisagística enfrenta hoje sérias ameaças.
A pequena agricultura está a desaparecer a olhos vistos, e isso é um problema. O envelhecimento da população rural, os custos de mão de obra, a dificuldade em encontrar mercado numa atividade dominada pelas grandes produções, as alterações climáticas e os seus reflexos na gestão de água e nas novas pragas ecológicas – estes são apenas alguns dos fatores responsáveis pela crescente perda da nossa identidade, património, memória, cultura e economia.
É necessário, e é possível, alterar este caminho. É imperativo produzir de acordo com as aptidões da terra e do clima, com os saberes antigos – cada vez mais importantes para a sustentabilidade de hoje – aliados a produtos de grande qualidade alimentar, bio certificados, com design atraente e a preços justos. É essencial criar emprego e valor ecológico em simultâneo, melhorando a saúde das populações e dando horizontes de futuro a terras e gentes.
O nosso projeto na unidade de paisagem do Bairro Ribatejano, coração do mediterrâneo calcário nacional, guia-se por estes objetivos – ao criar e valorizar a paisagem, ao fazer os usos tradicionais da terra nos sítios certos, a manter conhecimentos, a preservar uma identidade rural ameaçada de extinção.
Produz-se aqui, em olivais tradicionais, um dos poucos bio certificados azeites virgem-extra do Ribatejo. O mel de cortiço. O figo seco. Mas também o chícharo e o grão-de-bico, o melão e a abóbora, o feijão-verde e a couve. Apanham-se orégãos, marmelos e amoras selvagens. Criam-se galinhas e coelhos, usam-se burros e cavalos para passeios e para estrumar os campos. Fazem-se pestos, compotas, chutneys, empadas e vários outros transformados para que nenhum dos produtos da horta se perca. Faz-se o bom pão no forno a lenha de oliveira.
Aposta-se também, assim que a pandemia permita, no pequeno turismo em casas tradicionais recuperadas e numa “escola de caseiros” com cursos numa escola primária a reabilitar pela comunidade.
Em suma, tentamos criar valor ecológico, alimentar, estético, económico e cultural na pequena agricultura, para provar que a mesma, mesmo para muito sendo o passado, para outros é o futuro. A isso chamamos “agricultura de paisagem”, e por isso o nosso projeto foi batizado “The Landscape Farm”.